Ensino e assistência serão prejudicados

Desde 1989, ano em que USP conquistou a autonomia universitária, o Hospital Universitário da USP (HU) recebe 8% da verba destinada à Universidade de São Paulo, proveniente do governo do Estado, valor relativo que não foi modificado ao longo desses 25 anos. Mudanças expressivas ocorreram, como o aumento do interesse no hospital como cenário para o ensino, assistência e pesquisa no âmbito de um hospital secundário, acompanhando o crescimento da universidade.

O Hospital das Clínicas, que outrora fora o único hospital-escola da Faculdade de Medicina da USP, progressivamente foi cedendo lugar e dividindo com o HU a carga didática, ficando com a especialização médica, e o Hospital Universitário, com o ensino das áreas básicas da medicina. Atualmente, o HU é utilizado como plataforma de ensino para sete unidades da universidade ministrarem seus cursos de graduação, pós-graduação e aperfeiçoamento, além de receber alunos estrangeiros por meio dos programas de cooperação internacional.

Um diferencial do hospital é possibilitar o ensino baseado numa abordagem multidisciplinar integrando todas as áreas da saúde num mesmo ambiente, proporcionando a integralidade da assistência e do ensino da mesma nesses moldes.

O Hospital Universitário recebe anualmente 2.430 alunos entre graduandos e pós-graduandos que têm sua formação conduzida por profissionais de alta qualidade, dos quais mais de 50% possuem titulação acadêmica, que atuam como professores, além de praticar assistência e pesquisa, possibilitando aproximação entre a teoria e a prática. O HU é considerado um hospital de ensino de excelência, tendo recebido do Centro de Desenvolvimento de Ensino Médico 95% de ótimo e bom nas últimas cinco avaliações.

Cumprindo seu papel assistencial e social, o HU atende a população do subdistrito do Butantã, que tem 500 mil habitantes, e a comunidade USP, sendo o hospital de referência da região oeste da cidade de São Paulo, tendo realizado no ano passado 282 mil atendimentos de emergência, 12 mil consultas ambulatoriais por mês, 13 mil internações, 400 cirurgias por mês, 3.543 partos, 140 mil exames de imagem e 965 mil exames laboratoriais.

No momento atual, onde o orçamento de todas as unidades da USP está sendo reavaliado por orientação da reitoria, salientamos que já vinham sendo tomadas medidas internas no HU para redução de gastos, obtendo-se um decréscimo de 20% nos custos materiais ao longo dos últimos quatro anos.

É preciso lembrar que a política salarial dos funcionários do HU, assim como de todos os funcionários da USP, sempre foi determinada pela reitoria, não nos diferenciando em nada também nos planos de carreira adotados sob essa orientação. Somos unidade diferenciada no que se refere à jornada de trabalho, já que mantemos o funcionamento do hospital na assistência e no ensino.

A desvinculação do Hospital Universitário irá afetar o patrimônio da USP, o hospital perderá autonomia na diretriz de ensino e há o risco de esse não ser mais o seu foco, já que poderá ficar à mercê da política de saúde da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, que, atualmente, se depara com a falência do sistema público.

Será impossível manter excelência em ensino após troca de equipes a preços de funcionários SUS. Dessa forma, para que possamos abrir espaço para discutir profundamente o papel científico-acadêmico do HU, somos contrários à desvinculação e favoráveis à discussão que permita uma tomada de decisão sob o ponto de vista administrativo que mantenha o vínculo entre o HU e a USP.

JOSÉ PINHATA OTOCH, 57, é diretor do Departamento Médico do Hospital Universitário da USP

Fonte: Portal Folha de S. Paulo

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